@Luis Catarino
INÊS DE MEDEIROS
Presidente da Câmara Municipal de Almada

É com grande entusiasmo que vejo o crescimento do Festival dos Capuchos. Desde o seu ressurgimento em 2021, que, em sucessivas edições, tem sido possível conjugar a força criativa de tantos e tantas artistas com uma reflexão conjunta que vai muito além da música.

Não era um desafio fácil pensar e desenhar uma proposta após a comemoração dos 50 anos do 25 de abril. Mas se, no ano passado, tivemos uma celebração da expressão intemporal da Liberdade, em 2025, o mote lançado desdobra esse bem tão precioso num verdadeiro espírito “entre mundos”. Um espírito também artístico, cada vez mais ameaçado que encontra neste festival um porto seguro e estimulante que se cruza entre diferentes gerações e nacionalidades.

Ainda mais me orgulho de ver que, pela primeira vez, teremos um enorme momento de comunhão ao ar livre no Parque da Paz com um concerto sinfónico. Este ano teremos um programa repleto de diferentes e entusiasmantes culturas, sem esquecer a presença nacional, tão importante para este evento. Não há dúvidas de que o regresso do Festival dos Capuchos foi a decisão certa para Almada.

Como não podia deixar de ser, voltamos a ter a “companhia” de grandes nomes da música clássica, como Mozart, Chopin, Debussy, Schubert ou Tchaikovsky, numa programação que faz a ponte com todo o mundo. Desde cruzamentos entre a música sacra e medieval arménia às influências contemporâneas, ao jazz e ao pós-minimalismo. O tango argentino também marcará presença, assim como um concerto especial que celebrará os 500 anos do nascimento de Luís de Camões. Não esquecer, claro, a música contemporânea: obras de Boulez, Berio, Donatoni, Grise e Stravinsky estarão incluídas na celebração do centenário de Pierre Boulez.

As Conversas dos Capuchos voltam também este ano, com a curadoria de Carlos Vaz Marques, para comemorar o centenário de José Cardoso Pires e o centenário da publicação do livro “O Processo”, de Franz Kafka. Momentos de partilha entre o passado e o futuro que espelham bem a identidade deste festival.

Podia imaginar-se que o Festival dos Capuchos é só para adultos. Não. A música é uma arte que atravessa todas as idades e, nesta quinta edição, foi possível concretizar essa máxima e, pela primeira vez, garantir a iniciativa “Ópera para Crianças”, com sessões de ópera Bastien et Bastienne, de Mozart, para o público do 1º ciclo.

Tudo isto não seria possível sem o Filipe Pinto-Ribeiro na direcção artística do Festival dos Capuchos. Todo o esforço e dedicação da sua equipa vão estar bem espelhados em mais uma grande edição. Um agradecimento especial ao principal mecenas e parceiro do evento, a Fundação BPI/La Caixa e a todos os outros parceiros que continuam nesta missão democrática e cultural connosco.

 

FILIPE PINTO-RIBEIRO
Director Artístico do Festival de Música dos Capuchos

Bem-vindos ao Festival dos Capuchos 2025!

Na sua quinta edição consecutiva, após o ressurgimento em 2021, o Festival dos Capuchos apresenta o tema Entre Mundos e propõe uma reflexão artística sobre a interculturalidade, a diversidade, o fascínio e o diálogo entre múltiplas dimensões — civilizacionais, temporais e espirituais — que se entrelaçam e se revelam através da Música, linguagem universal presente em todas as sociedades.

Entre 30 de Maio e 27 de Junho, Almada volta a ser palco deste evento cultural de grande dimensão, reunindo artistas de renome nacional e internacional. Os concertos terão lugar no Convento dos Capuchos, matriz espiritual do Festival, mas também noutros espaços da cidade, como o Teatro Municipal Joaquim Benite, o Auditório Fernando Lopes-Graça e, pela primeira vez, o Parque da Paz, onde se realizará um concerto sinfónico ao ar livre.

Entre os grandes destaques desta edição está a estreia em Portugal da Orquestra de Câmara Sueca “Musica Vitae”, que abrirá o Festival com dois concertos dirigidos e protagonizados pelo virtuoso violinista austríaco Benjamin Schmid. No programa inaugural, obras de Mozart e Tchaikovsky traçam pontes entre tradições e geografias. No segundo concerto, Schmid apresenta o seu projecto “Jazz Violin Concertos”, que explora a fusão entre composição clássica e improvisação jazzística, numa estreia absoluta em solo nacional.

O espírito “entre mundos” continua com o The Naghash Ensemble of Armenia, num programa que cruza música sacra medieval arménia com influências contemporâneas, jazz e pós-minimalismo. Outro momento marcante será o concerto “A História do Tango”, liderado pelo bandoneonista Marcelo Nisinman, discípulo directo de Astor Piazzolla, num tributo às raízes e à evolução do tango argentino.

No domínio da música antiga, o Festival propõe dois concertos de forte dimensão histórica e poética. “A Música da Lírica Camoniana”, pelo Concerto Atlântico dirigido por Pedro Caldeira Cabral, assinala os 500 anos do nascimento de Luís de Camões, recuperando práticas musicais renascentistas. Já o Ensemble Barroco Tra Noi apresenta “Telemann goes East”, explorando o diálogo entre o barroco alemão e as tradições populares da Europa de Leste.

Na área da música contemporânea e do pensamento musical, o centenário de Pierre Boulez será assinalado com um recital do clarinetista Jérôme Comte, solista do Ensemble Intercontemporain de Paris, fundado pelo próprio Boulez em 1976. O programa “Boulez 100” inclui obras de Boulez, Berio, Donatoni, Grisey e Stravinsky, revelando diversas
linguagens da modernidade musical europeia. Por sua vez, o concerto “Noite Transfigurada” homenageia Daniel Barenboim, reunindo solistas da Academia Barenboim-Said e da West-Eastern Divan Orchestra, com obras de Brahms e Schönberg, símbolos de um romantismo transfigurado e visionário.

A presença nacional faz-se sentir com nomes de referência como: a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida por Pedro Neves, que tocará no Parque da Paz a célebre Sinfonia “Do Novo Mundo”, de Dvořák, e obras de Rossini e Brahms; o DSCH – Schostakovich Ensemble, que interpretará Dvořák, Schubert e uma estreia absoluta do compositor Sérgio Azevedo; o quinteto 100 Caminhos, protagonista de um original “concerto-passeio” pelo Convento dos Capuchos. Também o João Barradas Trio apresentará Aperture, um projecto de jazz contemporâneo com forte componente autoral.

No campo do piano, teremos dois recitais: Dang Thai Son, lendário vencedor do Concurso Chopin de Varsóvia, apresenta- se com um programa centrado em Chopin e Debussy; e eu prestarei tributo ao génio poético e transcendental de Franz Liszt, numa viagem entre o sonho, o amor e o virtuosismo.

O Festival dos Capuchos é também um espaço de pensamento e partilha. As Conversas dos Capuchos, com curadoria de Carlos Vaz Marques, antecedem o Festival com três sessões dedicadas ao centenário de José Cardoso Pires, ao centenário da publicação de “O Processo”, de Franz Kafka, e a uma reflexão sobre o próprio tema do Festival – Entre Mundos.
Outras actividades paralelas enriquecem o Festival: os Prelúdios dos Capuchos — conversas pré-concerto moderadas por João Almeida; a Caminhada dos Capuchos na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica; a Visita Guiada ao Convento dos Capuchos; e as Masterclasses dos Capuchos, com destacados professores das Universidades de Salzburgo, Oslo e Lucerna.

Com especial alegria, apresentamos também, pela primeira vez, a iniciativa Ópera para Crianças, com sessões da ópera “Bastien et Bastienne”, de Mozart, numa produção dirigida por António Wagner Diniz, destinada ao público do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo.

A realização do Festival dos Capuchos 2025 é possível graças ao apoio, em primeiro lugar, da Câmara Municipal de Almada, do mecenas BPI/Fundação ”la Caixa” e da Direcção-Geral das Artes. O nosso agradecimento aos parceiros Companhia de Teatro de Almada, Âmbito Cultural do El Corte Inglés e RTP Antena 2. Uma palavra especial de reconhecimento a Sua Excelência o Presidente da República, pelo Alto Patrocínio concedido ao Festival.

Convidamos-vos a atravessarem connosco estes “mundos” sonoros e simbólicos.
Que a Música nos guie, nos inspire e nos una – entre mundos e para além deles.